Entrevista com Diego Zaranza

Conversamos com Diego Zaranza, coordenador de Patrimônio Histórico-Cultural da Secutfor, sobre as expectativas em torno do projeto.

Diego Zaranza é arquiteto e coordenador de Patrimônio da Secultfor

 

Uma importante etapa antecede o início da primeira licitação das obras de restauro das Caixas d’Água do Benfica. Até julho próximo, a Cagece irá entregar, oficialmente, o projeto arquitetônico básico e demais relatórios obrigatórios como prospecção e mapa de danos, à Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor).

Conversamos com Diego Zaranza, coordenador de Patrimônio Histórico-Cultural da Secultfor, sobre as expectativas em torno do projeto. Confira!

Diário do RestauroA Cagece está preparando o Projeto de Restauro das Caixas d’Água do Benfica para posterior avaliação da Coordenação do Patrimônio Histórico e do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (COMPHIC). Como a Secultfor tem se preparado para o recebimento desse material?

Diego Zaranza – A Secultfor está ansiosa para compartilhar o projeto com os membros do COMPHIC, entidade maior do patrimônio histórico-cultural de nossa cidade, e logo mais termos esse projeto executado e transformando parte da região do Centro. Apesar da expectativa, o projeto não é uma novidade para a equipe da Coordenação de Patrimônio Histórico-Cultural (CPHC), pois a equipe técnica da Cagece tem estado em contato direto, desde os primeiros passos do projeto, com o corpo técnico da CPHC.

DR – Existe, por parte da população em geral, dúvidas sobre o processo de tombamento do conjunto arquitetônico das Caixas d’Água do Benfica. Como está a situação hoje na Secultfor sobre o avanço desse processo?

DZ – O desenvolvimento do projeto arquitetônico pela Cagece proporcionou dados e pesquisas que foram fundamentais para dar prosseguimento aos estudos que culminam na instrução de tombamento de um Bem. Assim, em breve, a minuta da instrução de tombamento das Caixas d’água do Benfica será levada para que o COMPHIC possa deliberar.

DR – Quais são os critérios que você considera essenciais para que o projeto de restauro esteja adequado à legislação referente ao tombamento?

DZ – Primeiro a busca pela conservação e respeito pela história do Bem, isso podemos ver que foi priorizado a todo momento. Além disso, não podemos esquecer a modenatura que cerca o imóvel. Um bom projeto arquitetônico deve levar em consideração os impactos e transformações advindas da dinâmica urbana a qual está inserida.

DR – Além do restauro, a Cagece deve investir em melhorias urbanísticas do entorno das Caixas d’Água do Benfica. Como você vê a necessidade de um programa de uso para o local e como isso poderá beneficiar outros equipamentos públicos e culturais?

DZ – Diagnosticar como o Bem se comporta na malha urbana é o primeiro passo para que seu uso tenha uma boa aceitação. Ressalto que acredito que o uso dado a um Bem histórico pode ser a melhor forma de preservação que existe. Um programa será fundamental para a proposta, a qual a Cagece está desenhando, e para vários equipamentos que estão ali perto, como: Centro Cultural Casa do Barão de Camocim, Faculdade de Direito, Praça da Bandeira e até mesmo o Instituto Dr. José Frota (IJF).

DR – Existem outros bens com proteção de tombamento em Fortaleza? Quais?

DZ – Sim, atualmente temos um total de 103 Bens acautelados de alguma maneira, sendo 57 no Centro. Esses dados podem ser encontrados através do site da Secultfor.

*Diego Zaranza é mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela Universitat de Barcelona e MBA em Gerenciamento de Obras. Formado desde 2010, pela Universidade de Fortaleza, o arquiteto conta também com especialização em Inspeção predial, iluminação e outros. Ingressou no segmento de patrimônio histórico-cultural em 2018 e participou analisando e auxiliando no desenvolvimento de projetos de restauro.